quarta-feira, 18 de maio de 2016

A Mensagem Moral do Novo Testamento.



Sendo Jesus um marco divisor de águas na História, é licito dizer que de fato ele, viveu sobre o julgo da “Tôrah” não propriamente a do Decálogo (dez mandamentos, pois nas Bem-Aventuranças Ele a repaginou), mas, da lei Mosaica como num todo com uma moral e ética que com o tempo foram adulteradas. Pois, a Lei se havia absolutilizado ao extremo – conforme os interesses do povo hebreu que tanto já havia sofrido escravos de outros povos –  que se reconhecia a mesma força obrigatória  e o mesmo valor a qualquer preceito, por mais minucioso que fosse; escritas ou orais. Sendo ela uma lei totalizadora e religiosa com ordenamento hierocrático fortemente rígido e fechado. 
Sendo ‘YAHWEH’ não apenas o Deus para ser adorado, mas também o Legislador da vida social, do direito, das sanções, bem como das estruturas sociais e políticas; em síntese “o soberano”, aos poucos o ‘direito de sobrevivência’ tal qual fosse dentro da Nação de Israel, tomou proporção em termos de aplicabilidade de uma injustiça peculiar aos interesses de cada nação/tribo e/ou povo de ‘YAHWEH’. Dentro deste contexto político-religioso é que Jesus faz críticas ao extremismo e severidade da Lei do Judaísmo que denotava predominantemente uma falta de ética moral; mas repleta de falsos escrúpulos para oprimir e usurpar o povo.
A Práxis Moral de Jesus.
              A moralidade para Jesus e para Israel é uma moralidade de fé e obediência à vontade de Deus; expressada unicamente no Decálogo e no amor. Portanto, Cristo interpreta os preceitos Véterto-Testamentário baseando-se na existência da totalidade e interioridade, bem como a integralidade da imagem de um Deus apresentado por Ele; diante da aproximação do Reino de Deus, como obediência ao seguimento d’Ele (obediência ao seguimento no espírito, sendo vivenciado). Assim a Lei coadunada com a prática seria o requisito principal para Ele.   
O Ethos da Comunidade Primitiva.
              Sendo os Evangelhos a base moral e núcleo perene das novas comunidades. É licito dizer: a moral de Cristo tem como centro a pregação messiânica do reino de Deus. Sendo levada adiante após sua Ressurreição e anúncio profético dos Apóstolos. Baseando-se, contudo nos atos dos Apóstolos e Epístolas Paulinas; é, portanto notório a moralidade das pré-comunidade pós pentecostes, arregimentada por práticas concretas e eficazes na verdadeira adoração e serviço a Deus, como sempre deveria ter sido feito.   
A Ética da Comunidade.
Tendo recebido à efusão do Espírito Santo a Comunidade Cristã (pós-Pascal) considerava-se a comunidade escatológica (comunidade de Deus, o verdadeiro Israel de Deus) se considerava uma comunidade jovem formosa, um verdadeiro ideal pra todo bom Israelita.
A comunidade pós-pascal, não criou, nem improvisou uma ética; apenas, recebeu, interrogou e interpretou as mensagens morais de Jesus. Com base em sua autoridade normativa em um seguimento criteriosamente vivencial, com uma mensagem única e diversificada: fraternidade. Seguindo assim esse desenvolvimento da mensagem Neotesmentária, ética, com base na diversidade de Dons do Espírito Santo; e nos ensinamentos Paulinos e Joaninos. Segundo a doutrina moral de João (Chistus Praesens) duas virtudes moral fundamental: a fé em Cristo e a Caridade; ou seja, a adesão de Cristo e a vida na Koinonia.
A Catequese Moral.
              É preciso primeiramente dizer: o caráter (ético) moral da comunidade primitiva (pós-pascal) não é uma redução ou mera cópia da vida de Cristo, ou quiçá ainda uma simples repetição de suas mensagens, ações e gestos. A ética cristã primitiva, baseia-se nas exortações e diretrizes apostólicas. Levando em conta o anúncio messiânico de Jesus; já legitimado e interpretado a partir da experiência como Ressuscitado; na efusão do Espírito Santo e na perpetuação da efusão no ato do Batismo, como ação e fundamento da vida cristã.
              Sendo a Palavra do Senhor gloriosa, presente e operante em uma espécie de “credo ético” a ocupar o mesmo lugar que cabia ao Decálogo na Antiga Aliança (que a renova) sendo essa doutrina legitimada no seio  da comunidade por meio dos lideres ( 1 cor 5,1 ss; 1 cor 4,14ss) e Cristo instalado como norma suprema e vida moral Cristã. Baseando-se na catequese, comportamento moral, testemunho de vida e imitação de Cristo, como instancia ética e único fundamento.
A Parênese de São Paulo.
              A exortação moral de São Paulo tem sua raiz em seu duplo ambiente (Judaísmo e Helenismo) com profunda referência e citação ao Antigo Testamento, com certa Cristificação do mesmo. Sendo Paulo herdeiro de um aprofundado estudo rabínico, ele aplica esse rigor na sua teologia moral, mediante o estoicismo e filosofia popular da época. No contexto paradoxal de vícios e virtudes, antes e agora, para indicar uma profunda concepção de experiência Cristocêntrica: ADESÃO AO SENHOR.
                                                   O Discurso Moral de São Paulo.
              Primeiramente deve-se analisar os ensinamentos éticos de São Paulo, mediante três pontos:  a mensagem moral de Jesus,  o judaísmo (lei mosaica) e o Helenismo. Paulo, não dá tantas citações das falas de Jesus, mas sim, da sua doutrina moral; baseando-se ao Antigo Testamento como referência.  Porém, ele nunca refere a um Jesus Cristo como “mestre” nem dos Cristãos e nem dos Discípulos (talvez pelo fato de não ter haver convivido com o mesmo), entretanto ao fazer alusão aos termos do “mesmo” ele usa o adjetivo ‘KYRIOS’ (SENHOR) . Mas sempre no contexto pós-pascal; pois para ele o que importa não são tanto as palavras de Jesus enquanto tais, mas sua inserção, adesão na comunidade. Permeado de um seguimento de discipulado, imitação, uma perfeita dependência à vontade de Deus, no sentido místico kerigmatico, de forma dogmática e exortações de paracleres. No pleno sentido do dinamismo Cristológico, sacramental e pneumatologico do EU-TU do Deus Unitrino revelado a nós.
As Atitudes do Cristão.
              O Apóstolo Paulo, apresenta o caráter trinitário e interpessoal do kerigma, mediante uma projeção ética. Vemos, portanto em suas variadas carta uma lista de atos concretos e precisos que devem ser feitos ou evitados. Baseando-se na moral categorial. Por vez revestido de uma transcendência teológica moral; parte ele do seguinte pressuposto: “a tríade” fé, esperança, caridade; é básica e decisiva globalmente. Esses três aspectos constituem a atividade fundamental, alienável do cristão, que não está sujeito a mudanças histórico-cultural, mas encarna a dimensão transcendental da dinâmica ética do kerigma.
              Portanto, todo o preceituário de Paulo é resumido nas seguintes palavras: Metánoia, Charis, agiosýnê, koinonía e oikodomê; para ter assim como base a existência cristã mediante as obras da carne e frutos do espírito, segundo a exigência do batismo, seja e esteja plena da Cristificação do Decálogo.
As Motivações da Parênese Paulina.
              As motivações das exortações Paulinas partem de três pontos culminantes: a Cristológica, a Sacramental e a Pneumatológica.  Contudo falaremos dos dois tópicos, tendo em vista já haver falado da Cristológica.
              A exortação sacramental baseia-se propriamente no rito do batismo, onde Paulo de maneira sucinta faz uma perene motivação do significado desta novidade. Onde aqueles que forem batizados, são enxertados no Cristo, morto e ressuscitado. Tornado-se novos e incorporados à comunidade cristã. Já na questão pneumatológica, vemos um discurso inflamado na questão propriamente dita da vivência ser pautada pelo Espírito Santo, e a vida ser guiada nesta dimensão paternal-filial do homem redimido pela graça.
A Mensagem Moral do Escritos de São João
              É notório na doutrina Joanina, tanto no Evangelho e nas três epístolas, um profundo interesse pelo comportamento do homem. No entanto, a doutrina joanina, parte de um pressuposto importantíssimo: o contexto do Novo Testamento. O amadurecimento de João, e que este não está vinculado precisamente na questão moral cotidiana (familiar, convivência social, relação dos homens com as leis), mas, na questão da experiência eclesial, onde este oferece uma série de respostas as problemáticas morais éticas, mediante a revelação (apocalíptica).
O fundamento da moral Joanina.
O fundamento da moral joanina propriamente dito é Cristo! Ele é o princípio de unidade de sua mensagem ética. Que possibilita o caminho e normas das comunidades, como fundamento da moral revelada; isto é, baseando-se na revelação e dependência da História da Salvação.
A chave normativa: o novo Mandamento.
              João leva em consideração a relação filial de Jesus para com Deus e de Deus para com Jesus. Baseando-se nesta relação, aplica-se a dimensão ágape na comunidade nascente. Tendo em vista o bem comum da comunidade eclesial a partir do mandato de Cristo em Jo 15, 9.12 e na vivência da observância dos seus mandamentos (Jo 14,15.21) e na vivência da comunhão no  Pai, Filho e Espírito Santo.
A lei régia do amor (floresce nas boas obras, epístola de são Tiago).
              A epístola de São Tiago apresenta-nos uma série de advertências e práxis para compreensão da fé autêntica no seguimento de Cristo na comunidade eclesial. Baseando-se, sobretudo na lei suprema “ amarás o teu próximo como a ti mesmo”(Tg 2,8) sem perder a exigência  de uma fé vivida daqueles que optaram pelo seguimento de Cristo.

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