
Sendo Jesus um marco divisor de águas na História, é
licito dizer que de fato ele, viveu sobre o julgo da “Tôrah” não propriamente a
do Decálogo (dez mandamentos, pois nas Bem-Aventuranças Ele a repaginou), mas,
da lei Mosaica como num todo com uma moral e ética que com o tempo foram
adulteradas. Pois, a Lei se havia absolutilizado ao extremo – conforme os
interesses do povo hebreu que tanto já havia sofrido escravos de outros povos –
que se reconhecia a mesma força
obrigatória e o mesmo valor a qualquer
preceito, por mais minucioso que fosse; escritas ou orais. Sendo ela uma lei
totalizadora e religiosa com ordenamento hierocrático fortemente rígido e
fechado.
Sendo ‘YAHWEH’
não apenas o Deus para ser adorado, mas também o Legislador da vida social, do
direito, das sanções, bem como das estruturas sociais e políticas; em síntese “o
soberano”, aos poucos o ‘direito de sobrevivência’ tal qual fosse dentro da
Nação de Israel, tomou proporção em termos de aplicabilidade de uma injustiça
peculiar aos interesses de cada nação/tribo e/ou povo de ‘YAHWEH’. Dentro deste contexto político-religioso é que Jesus faz
críticas ao extremismo e severidade da Lei do Judaísmo que denotava predominantemente
uma falta de ética moral; mas repleta de falsos escrúpulos para oprimir e
usurpar o povo.
A Práxis Moral
de Jesus.
A
moralidade para Jesus e para Israel é uma moralidade de fé e obediência à
vontade de Deus; expressada unicamente no Decálogo e no amor. Portanto, Cristo
interpreta os preceitos Véterto-Testamentário baseando-se na existência da
totalidade e interioridade, bem como a integralidade da imagem de um Deus
apresentado por Ele; diante da aproximação do Reino de Deus, como obediência ao
seguimento d’Ele (obediência ao seguimento no espírito, sendo vivenciado). Assim
a Lei coadunada com a prática seria o requisito principal para Ele.
O Ethos da
Comunidade Primitiva.
Sendo
os Evangelhos a base moral e núcleo perene das novas comunidades. É licito dizer:
a moral de Cristo tem como centro a pregação messiânica do reino de Deus. Sendo
levada adiante após sua Ressurreição e anúncio profético dos Apóstolos.
Baseando-se, contudo nos atos dos Apóstolos e Epístolas Paulinas; é, portanto
notório a moralidade das pré-comunidade pós pentecostes, arregimentada por
práticas concretas e eficazes na verdadeira adoração e serviço a Deus, como
sempre deveria ter sido feito.
A Ética da Comunidade.
Tendo recebido à efusão do Espírito Santo a
Comunidade Cristã (pós-Pascal) considerava-se a comunidade escatológica (comunidade
de Deus, o verdadeiro Israel de Deus) se considerava uma comunidade jovem
formosa, um verdadeiro ideal pra todo bom Israelita.
A comunidade pós-pascal, não criou, nem improvisou
uma ética; apenas, recebeu, interrogou e interpretou as mensagens morais de
Jesus. Com base em sua autoridade normativa em um seguimento criteriosamente
vivencial, com uma mensagem única e diversificada: fraternidade. Seguindo assim
esse desenvolvimento da mensagem Neotesmentária, ética, com base na diversidade
de Dons do Espírito Santo; e nos ensinamentos Paulinos e Joaninos. Segundo a
doutrina moral de João (Chistus Praesens)
duas virtudes moral fundamental: a fé em Cristo e a Caridade; ou seja, a adesão
de Cristo e a vida na Koinonia.
A Catequese Moral.
É
preciso primeiramente dizer: o caráter (ético) moral da comunidade primitiva
(pós-pascal) não é uma redução ou mera cópia da vida de Cristo, ou quiçá ainda
uma simples repetição de suas mensagens, ações e gestos. A ética cristã
primitiva, baseia-se nas exortações e diretrizes apostólicas. Levando em conta
o anúncio messiânico de Jesus; já legitimado e interpretado a partir da
experiência como Ressuscitado; na efusão do Espírito Santo e na perpetuação da
efusão no ato do Batismo, como ação e fundamento da vida cristã.
Sendo a Palavra do Senhor gloriosa,
presente e operante em uma espécie de “credo ético” a ocupar o mesmo lugar que
cabia ao Decálogo na Antiga Aliança (que a renova) sendo essa doutrina
legitimada no seio da comunidade por
meio dos lideres ( 1 cor 5,1 ss; 1 cor 4,14ss) e Cristo instalado como norma
suprema e vida moral Cristã. Baseando-se na catequese, comportamento moral,
testemunho de vida e imitação de Cristo, como instancia ética e único
fundamento.
A Parênese de São Paulo.
A
exortação moral de São Paulo tem sua raiz em seu duplo ambiente (Judaísmo e
Helenismo) com profunda referência e citação ao Antigo Testamento, com certa
Cristificação do mesmo. Sendo Paulo herdeiro de um aprofundado estudo rabínico,
ele aplica esse rigor na sua teologia moral, mediante o estoicismo e filosofia
popular da época. No contexto paradoxal de vícios e virtudes, antes e agora,
para indicar uma profunda concepção de experiência Cristocêntrica: ADESÃO AO
SENHOR.
O Discurso Moral de São Paulo.
Primeiramente
deve-se analisar os ensinamentos éticos de São Paulo, mediante três
pontos: a mensagem moral de Jesus, o judaísmo (lei mosaica) e o Helenismo.
Paulo, não dá tantas citações das falas de Jesus, mas sim, da sua doutrina
moral; baseando-se ao Antigo Testamento como referência. Porém, ele nunca refere a um Jesus Cristo
como “mestre” nem dos Cristãos e nem dos Discípulos (talvez pelo fato de não
ter haver convivido com o mesmo), entretanto ao fazer alusão aos termos do
“mesmo” ele usa o adjetivo ‘KYRIOS’ (SENHOR)
. Mas sempre no contexto pós-pascal; pois para ele o que importa não são tanto
as palavras de Jesus enquanto tais, mas sua inserção, adesão na comunidade.
Permeado de um seguimento de discipulado, imitação, uma perfeita dependência à
vontade de Deus, no sentido místico kerigmatico,
de forma dogmática e exortações de paracleres. No pleno sentido do dinamismo
Cristológico, sacramental e pneumatologico do EU-TU do Deus Unitrino revelado a
nós.
As
Atitudes do Cristão.
O
Apóstolo Paulo, apresenta o caráter trinitário e interpessoal do kerigma, mediante uma projeção ética.
Vemos, portanto em suas variadas carta uma lista de atos concretos e precisos
que devem ser feitos ou evitados. Baseando-se na moral categorial. Por vez
revestido de uma transcendência teológica moral; parte ele do seguinte
pressuposto: “a tríade” fé, esperança, caridade; é básica e decisiva globalmente.
Esses três aspectos constituem a atividade fundamental, alienável do cristão,
que não está sujeito a mudanças histórico-cultural, mas encarna a dimensão transcendental
da dinâmica ética do kerigma.
Portanto,
todo o preceituário de Paulo é resumido nas seguintes palavras: Metánoia,
Charis, agiosýnê, koinonía e oikodomê; para ter assim como base a existência cristã
mediante as obras da carne e frutos do espírito, segundo a exigência do
batismo, seja e esteja plena da Cristificação do Decálogo.
As Motivações da Parênese Paulina.
As motivações das exortações
Paulinas partem de três pontos culminantes: a Cristológica, a Sacramental e a
Pneumatológica. Contudo falaremos dos
dois tópicos, tendo em vista já haver falado da Cristológica.
A
exortação sacramental baseia-se propriamente no rito do batismo, onde Paulo de
maneira sucinta faz uma perene motivação do significado desta novidade. Onde
aqueles que forem batizados, são enxertados no Cristo, morto e ressuscitado.
Tornado-se novos e incorporados à comunidade cristã. Já na questão
pneumatológica, vemos um discurso inflamado na questão propriamente dita da
vivência ser pautada pelo Espírito Santo, e a vida ser guiada nesta dimensão
paternal-filial do homem redimido pela graça.
A Mensagem Moral do Escritos de São João
É
notório na doutrina Joanina, tanto no Evangelho e nas três epístolas, um
profundo interesse pelo comportamento do homem. No entanto, a doutrina joanina,
parte de um pressuposto importantíssimo: o contexto do Novo Testamento. O amadurecimento
de João, e que este não está vinculado precisamente na questão moral cotidiana
(familiar, convivência social, relação dos homens com as leis), mas, na questão
da experiência eclesial, onde este oferece uma série de respostas as
problemáticas morais éticas, mediante a revelação (apocalíptica).
O fundamento da moral Joanina.
O fundamento da moral joanina propriamente dito é
Cristo! Ele é o princípio de unidade de sua mensagem ética. Que possibilita o
caminho e normas das comunidades, como fundamento da moral revelada; isto é,
baseando-se na revelação e dependência da História da Salvação.
A chave normativa: o novo Mandamento.
João
leva em consideração a relação filial de Jesus para com Deus e de Deus para com
Jesus. Baseando-se nesta relação, aplica-se a dimensão ágape na comunidade
nascente. Tendo em vista o bem comum da comunidade eclesial a partir do mandato
de Cristo em Jo 15, 9.12 e na vivência da observância dos seus mandamentos (Jo
14,15.21) e na vivência da comunhão no
Pai, Filho e Espírito Santo.
A lei régia do amor (floresce nas boas obras,
epístola de são Tiago).
A epístola de São Tiago apresenta-nos uma série de advertências e práxis
para compreensão da fé autêntica no seguimento de Cristo na comunidade eclesial.
Baseando-se, sobretudo na lei suprema “ amarás o teu próximo como a ti
mesmo”(Tg 2,8) sem perder a exigência de
uma fé vivida daqueles que optaram pelo seguimento de Cristo.

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