Hoje, muitos pais já não educam na fé os filhos. Não
cumprem mais com a sua missão de serem os primeiros educadores na fé.
Consequentemente, certo número de catequizandos vem para a catequese com pouca
formação e vivência cristã, sem ter feito uma adesão clara à pessoa de Cristo.
Nos cinco primeiros séculos da Igreja, chamava-se
catecumenato o período de iniciação, de introdução progressiva na fé cristã e
na vida da comunidade, os adultos que queriam ser discípulos de Jesus Cristo e
membros da Igreja.
Na Primitiva Igreja, o catecumenato acontecia em
quatro etapas ou tempos. A passagem de uma etapa para a outra era marcada por
uma grande celebração. E este processo de iniciação era organizado da seguinte
forma:
1ª Etapa: Pré-catecumenato
(Primeira Evangelização)
Nessa primeira etapa as pessoas são acolhidas na
comunidade. É feito o primeiro anúncio do mistério da pessoa de Jesus Cristo. É
um tempo próprio para despertar ou reavivar a fé, provocar a conversão, crescer
na oração e introduzir na comunidade cristã.
2ª Etapa: Catecumenato
(Tempo de Catequese)
O início do catecumenato é marcado por uma primeira
grande celebração, que é o rito de entrada no catecumenato. Nesta grande
celebração os catecúmenos (os que ainda não são batizados) e os catequizandos
são acolhidos na comunidade cristã e assinalados com a cruz do Senhor, recebem
o livro da Sagrada Escritura como sinal de sua condição de ouvintes da Palavra
de Deus.
É a etapa da catequese, onde são aprofundados os
principais temas da fé cristã. Por isso, requer uma duração mais longa, devido
aos grandes conteúdos da catequese. Nesse período os catecúmenos e/ou
catequizandos recebem formação bíblica, doutrinal, litúrgica e moral (prática
da vida cristã).
3ª Etapa:
Purificação e Iluminação
Essa etapa inicia com a segunda grande celebração,
que é a celebração da eleição. Os catecúmenos ou catequizandos declaram que
desejam ser cristãos. São acolhidos e declarados “eleitos” (iluminados) para
receber os sacramentos na Vigília Pascal.
É o tempo de preparação imediata para a celebração
dos sacramentos da Iniciação Cristã: Batismo, Crisma e Eucaristia. Corresponde
ao período da Quaresma. É como um grande retiro quaresmal. É tempo próprio para
a revisão de vida, a purificação do coração, o crescimento na conversão e o
fortalecimento da fé em Jesus Cristo.
Na noite da Páscoa recebem os sacramentos do
Batismo, da Crisma e da Eucaristia. É a terceira grande celebração. É o ponto
culminante da iniciação cristã e o início da nova vida.
4ª Etapa: Tempo
da Mistagogia
Depois da celebração dos sacramentos na Vigília
Pascal, o catecumenato continua com a etapa da mistagogia, realizada durante o
Tempo Pascal. Os neófitos (novos cristãos) são introduzidos mais profundamente
nos mistérios cristãos através de novas explanações e da experiência (vivência)
dos sacramentos recebidos.
Este é o caminho que deve inspirar a nossa
catequese, hoje. Por isso, que os diversos documentos da Igreja falam em
catequese de inspiração catecumenal. Não se trata de reproduzir tal e qual o
passado, mas buscar inspiração.
Características da inspiração
catecumenal.
a) É uma catequese que parte do primeiro anúncio da
fé (Querigma), aprofunda e celebra o mistério anunciado e conduz para a
conversão de vida, ou seja, a vivência da fé anunciada, refletida e celebrada.
b) Catequese mais ligada à Palavra de Deus, mais
orante, mais celebrativa, mais vivencial, sem deixar de lado a linguagem
racional e doutrinal.
c) Catequese ritmada pelo ano litúrgico e apoiada em
celebrações que vão introduzindo os catequizandos nos mistérios da salvação
conduzindo-os, assim, a uma pessoal e plena adesão à pessoa de Jesus Cristo.
d) Catequese gradual e progressiva, com celebrações
que vão assinalando a passagem de uma etapa para a outra do itinerário
catequético. Por isso são fundamentais as celebrações da entrada no
catecumenato, da entrega do Credo e do Pai nosso e da eleição perto da
celebração dos sacramentos.
Na catequese de inspiração catecumenal é fundamental
a ligação entre catequese e liturgia. A catequese ajuda a conhecer Jesus
Cristo, a encontrar-se pessoalmente com Ele e a aceitar a sua proposta de vida.
A liturgia ajuda a fazer a experiência e a guardar no coração os mistérios de Cristo.
O melhor caminho para fazer a ligação entre
catequese e liturgia é seguir o Ano Litúrgico. Não há como compreender e viver
plenamente os mistérios da fé sem relacionar a catequese com o Ano Litúrgico e
suas respectivas celebrações.
Isso não significa simplesmente trabalhar o Ano
Litúrgico como tal nos encontros catequéticos, mas tê-lo como caminho, no qual
são relacionados e inseridos os conteúdos catequéticos. Portanto, o caminho
está em programar o calendário catequético conforme o ritmo do Ano Litúrgico e
não de acordo com o Ano Escolar. Tal programação já seria um bom começo para
desescolarizar a catequese.
Temos pela frente o emocionante desafio de promover
uma catequese mais evangelizadora, celebrativa, orante e vivencial, sem deixar
de lado a dimensão doutrinal.
Portanto, está lançado o desafio: “ou educamos na
fé, colocando as pessoas realmente em contato com Jesus Cristo e convidando-as
para segui-lo, ou não cumpriremos nossa missão evangelizadora” (DAp 287).


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